Mensagem de Advento de D. António Carrilho, Bispo do Funchal
Advento, tempo de renovação e de esperança A Igreja começa neste Domingo, 29 de Novembro, um tempo novo: é o Tempo de Advento, tempo de preparação para o Natal que se aproxima. Ressoa na Liturgia da Igreja o convite a anunciar a feliz notícia: “Deus vem!” Duas palavras apenas anunciam a todos os corações a esperança que renova a vida do homem e lhe abre horizontes de uma vida em plenitude. Duas palavras apenas são luz que ilumina o nosso caminho, que aquece os nossos corações e nos abre ao amor de Deus e ao nosso próximo. “O Senhor vos faça crescer e abundar na caridade uns para com os outros e para com todos” (1 Tes 3,12). Advento, em latim “Adventus”, significa “vinda”. Em que consiste, então, a vinda do Senhor? Será que esta vinda também nos envolve e responsabiliza? Caminhar em Tempo de Advento é olhar para o nascimento de Cristo, há mais de dois mil anos; é apontar para a Sua última vinda gloriosa; mas é também estarmos vigilantes e atentos às Suas vindas, no hoje das nossas vidas. Preparar o Natal é olhar para a vinda de Cristo. Ele já veio. Nasceu num lugar concreto, num país concreto e transformou a nossa história e a nossa vida. Naquela pequena povoação da Judeia, em Belém, nasceu Jesus, filho de Maria, e esse Menino iniciou um caminho do qual todos nós somos herdeiros. Olhar para esse acontecimento que marca a história é sermos introduzidos na história da Salvação, no projecto de Deus que vem até nós, de uma forma muito especial, em Seu Filho Jesus. No Advento também preparamos a última vinda do Senhor. Ele há-de vir na Sua Glória, no final dos tempos. O Advento é um tempo favorável para a redescoberta de uma esperança não vaga nem ilusória, mas certa e confiável, porque está "ancorada" em Cristo, Deus feito homem, rochedo da nossa salvação. Com esta confiança construímos, agora, o nosso presente e olhamos para o futuro com olhos de esperança, com os olhos de Deus. Tempo de vigilância e oração Mas “Deus vem!”. Ele vem agora, no hoje das nossas vidas. Advento é, por isso, tempo de vigilância e de oração, tempo de perceber e experimentar a presença de Deus, a sua visita constante às nossas vidas. Deus vem agora a nós de muitas maneiras, através dos acontecimentos e das pessoas. Seja, pois, este tempo um estímulo para estarmos com os olhos e os corações bem abertos, vigilantes e atentos à descoberta da presença de Deus nas nossas vidas, na Igreja e na Sociedade, na família, no trabalho, na escola, na dor e na alegria. Veio, virá e vem sempre. Não é um simples movimento constante de aproximação, mas revela-nos quem é Deus: um Deus que continuamente se aproxima do homem, o resgata e recria. Não é um Deus ausente e desinteressado da nossa vida, mas é um Pai que vela por nós, com amor e carinho. O advento será, assim, um tempo para reconhecermos Deus tão próximo, que nos impele a agir, a reagir, a dar resposta ao Seu amor, a saborear a alegria da nossa filiação divina. “Deus vem!”. Para compreendermos o significado profundo destas palavras podemos olhar para aquela pessoa, graças à qual se realizou, de modo único, singular, a vinda do Senhor: a Virgem Maria. "Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o Seu Filho, nascido de uma mulher" (Gl 4,4). Seja Maria, Mãe do Deus que vem, a caminhar connosco neste Tempo de Advento, rumo à grande celebração do nascimento de Cristo. Seja a Mãe de Deus modelo para cada um de nós. Modelo para aqueles que esperam a vinda do Salvador com alegria, modelo para aqueles que se sabem frágeis e necessitados de Deus, mas, ao mesmo tempo, responsáveis, colaboradores e comprometidos na Sua obra. Maria foi colaboradora nessa acção de Deus, aceitando ser a Mãe do Seu próprio Filho: ela deu ao mundo Cristo Jesus, o Emanuel, Deus connosco. Com ela podemos também nós dar Cristo ao mundo de hoje; podemos viver n’Ele e anunciá-l’O, através dos nossos gestos, visitas, trabalhos e palavras, na vida de todos os dias. Visita da Senhora Peregrina É tempo de aprendermos com Maria, a Senhora Peregrina que está entre nós até ao próximo mês de Maio; aprendermos com a Mãe a sua mensagem de fé e amor: ela ensina-nos a ter um coração aberto, que vence o medo porque confia, que guarda a palavra porque é Palavra de Vida Eterna, que vence o ódio com amor, que vence a revolta com a confiança, que vence o egoísmo com generosidade. A tradicional “Renúncia do Advento” é, também, um sinal de abertura e de sentido comunitário. Neste ano será para fazer face às despesas da Visita da Imagem Peregrina à nossa Diocese. Uma forma de participação generosa de todos e, assim, juntamente com as outras formas de colaboração das paróquias, já indicadas pela Comissão Coordenadora da Visita, esperamos assegurar os recursos financeiros necessários. Imensa gente se tem manifestado muito reconhecida e agradecida por esta Visita da Imagem Peregrina. Existem até muitos sinais de que, para além da Imagem, a Mensagem vai tocando a consciência e os corações. É o mais importante na medida em que, através das expressões religiosas mais simples e acessíveis, aprofundam-se as exigências da fé e do compromisso da vida cristã. Daí o lema da Visita: “Com Maria, ser Igreja no mundo actual”. Para viver de maneira mais autêntica e frutuosa este período de Advento, coloquemos o nosso olhar em Maria Santíssima, a Virgem do Parto, e Ela será caminho para o Menino Deus. Quando Deus bateu à porta da sua vida jovem, ela recebeu-o com fé e com amor. Agora é Deus quem bate à porta do nosso coração. Não tenhamos medo e deixemos que Deus penetre e enriqueça a nossa vida com os dons do Seu Amor. Seja esta a nossa oração: “Vinde Senhor Jesus!”